Aula Final
Resumindo o que vimos até aqui, conseguimos identificar a seguinte estrutura:
- Capítulo 1 - Visão do Cristo ressurreto.
- Capítulos 2 e 3 - Cartas às 7 igrejas da Ásia Menor, que contêm um mensagem a todas as igrejas de todos os tempos.
- Capítulos 4 e 5 - Visão do trono de Deus - uma visão da soberania do Deus Trino que reina acima de todos os conflitos do universo.
- Capítulos 6 a 16 - Abertura dos 7 selos, toque das 7 trombetas e derramamento das 7 taças da ira de de Deus - o número 7 representa a plenitude do juízo de Deus ao cumprir-se o tempo determinado e ao preencher-se a medida da iniquidade do mundo.
- Capítulo 13 - o anticristo e o falso profeta - interessante notar que apenas um capítulo do livro foi dedicado ao anticristo, indicando que nenhum intento infernal pode deter ou frustrar a vontade de Deus.
- Capítulo 12 - Duas testemunhas - pode ser o testemunho da Igreja ou, literalmente, dois profetas enviados por Deus para denunciar o anticristo.
- Capítulos 12 e 17 - Duas mulheres: a primeira, guardada por Deus, é uma mulher vestida com o sol que pode representar Israel ou a Igreja; a segunda, chamada de meretriz, representa todos os que se deixam seduzir pelo espírito do anticristo em todos os tempos (vide I Jo 4:1-6).
Neste estudo final, estudaremos a queda da Babilônia, a segunda vinda de Jesus, o Milênio, o Juízo Final e o novos céus e terra.
Babilônia
A descrição da Babilônia em Apocalipse nos remete a dois grandes contrastes:
- Cidade do anticristo vs. Cidade de Deus
- A mãe das prostituições vs. A imaculada noiva do Cordeiro
Se fizermos uma leitura histórica, veremos que essa Babilônia representa o sistema e os valores que organizam o mundo que "jaz no maligno" (I Jo 5.19). É o "Egito", ou terra do pecado, de onde o povo de Deus deve se retirar. Está embriagada com o sangue dos mártires (Ap 17.6) de todos os tempos.
No cap. 18 temos a narrativa da queda da Babilônia, que será repentina e completa. O mundo ficará desnorteado e se lamentará. Da mesma forma que Israel teve que aguardar que se completasse a medida da iniquidade dos povos que habitavam a terra prometida (Gn 15.16), a Igreja também aguarda ansiosa pelo tempo determinado por Deus para pôr fim ao pecado (Dn 9.24).
A Babilônia cai e o anticristo é derrotado pela manifestação de Cristo em sua glória (Parousia).
A Segunda Vinda
Usando a figura de um general que retorna após uma vitória, João retrata Jesus voltando como um cavaleiro vitorioso em um cavalo branco. A descrição não deixa dúvidas: o que tem olhos como chama (Ap 1), o que julga com justiça, o que veste um manto salpicado de sangue e aquele cujo nome é o Verbo de Deus (Jo 1).
Sem qualquer dificuldade, Jesus prende o diabo e o amarra por mil anos (Ap 20.2). Segue-se a primeira ressurreição e a salvação que atingirá todos os que morreram em Cristo. Os crentes que estiverem vivos também serão renovados nesse evento (I Ts 4.16-17).
O Milênio
Como foi explicado na primeira aula, são três as principais interpretações sobre o Milênio, das quais apenas o Pré-Milenismo e o Amilenismo continuam a ser considerados. Uma leitura literal e linear do cap.20 nos leva a entender que Cristo reinará 1000 anos com os salvos sobre a terra, quando se cumprirão todas a profecias do Antigo Testamento. Após esse período, o diabo será solto por um breve período de tempo e moverá uma rebelião com pessoas não-regeneradas. Essa revolta será rapidamente dissipada e, finalmente, o diabo e seus anjos serão lançados para sempre no inferno, juntamente com todos os que não forem encontrados no livro da vida no Juízo Final.
Juízo Final
Esta é uma das passagens mais fortes de toda a Bíblia: Deus se revela como o grande Juiz do universo. É um momento atemorizante, pois nele não há espaço para graça ou misericórdia: "vi um grande trono branco [...] de cuja presença fugiram a terra e os céus" (Ap 20.11).
Cada um será julgado estritamente de acordo com as suas obras. Trata-se da segunda ressurreição: a ressurreição dos que partiram desta vida sem Cristo.
Ainda que alguém queira enxergar alguma esperança de salvação nesse evento, tal esperança é difícil de ser sustentada pelos seguintes motivos:
a) "[...] o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus." (Gl 2.16);
b) "E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome [...] pelo qual importa que sejamos salvos." (At 4.12);
c) "[...] todos [...] estão debaixo do pecado; [...] não há justo, nem um sequer." (Rm 3.9-10).
Apesar disso, devemos ter em mente que a Revelação de Deus é para a vida e não para a morte; para a salvação e não para a perdição. Ainda que possamos entender bem o processo da salvação, não devemos nos aprofundar em especulações sobre como será determinada a condenação eterno dos perdidos sob risco de termos que nos debater novamente com a doutrina da dupla predestinação de Calvino, segundo a qual Deus teria eleito alguns para a salvação e outros para a perdição.
Encontramos um conselho equilibrado sobre a questão da predestinação no item VIII do Capítulo III da Confissão de Westminster:
"A doutrina deste alto mistério de predestinação deve ser tratada com especial prudência e cuidado, a ifim de que os homens, atendendo à vontade revelada em sua palavra e prestando obediência a ela, possam, pela evidência da sua vocação eficaz, certificar-se da sua eterna eleição. Assim, a todos os que sinceramente obedecem ao Evangelho esta doutrina fornece motivo de louvor, reverência e admiração de Deus, bem como de humildade diligência e abundante consolação. Ref. Rom. 9:20 e 11:23; Deut. 29:29; II Pedro 1:10; Ef. 1:6; Luc. 10:20; Rom. 5:33, e 11:5-6, 10."
(Clique aqui para acessar o texto completo da Confissão de Westminster)
Novo Céu, Nova Terra
Em contraponto ao horror do Juízo Final, temos nos capítulos 21 e 22 a beleza da descrição da Cidade de Deus que desce dos céus, a Nova Jerusalém. A linguagem altamente simbólica dessa passagem ressalta a santidade, a nobreza e a completude de uma nova dimensão onde a presença de Deus é plena entre a humanidade. A descrição nos remete ao Santo dos Santos em sua forma cúbica (I Rs 6.20). Do trono de Deus e do Cordeiro sai o rio da água da vida e nessa cidade não haverá pranto ou luto. Para uma interpretação detalhada dos símbolos usados nessa passagem, recomendamos a leitura das páginas 2174 a 2175 do Comentário Bíblico Vida Nova (1ª edição, 2009).
Toda a esperança de crente se cumpre nas seguintes palavras do Todo-Poderoso:
"Eis que faço novas todas as coisas. [...] O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus e ele me será filho."
E a visão se encerra com a promessa do Senhor: "Eis que venho sem demora", e a resposta imediata no coração dos discípulos de todos os tempos é: "[Maranata], vem, Senhor Jesus!"
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