sábado, 2 de abril de 2011

A angústia de José - Pregação de 03/04/2011

A ANGÚSTIA DE JOSÉ

Tema: O cristão diante das adversidades da vida.

Objetivo: Mostrar que a perseverança na fé e a confiança inabalável em Deus são a chave da vitória.

#1  Destinado ao fracasso e à tragédia.
  • A mãe morre no parto de Benjamim;
  • Os irmãos o odeiam e o vendem aos ismaelitas como escravo;
  • A mulher de Potifar mente e ele é preso;
  • O servo do faraó se esquece dele
13 anos de escravidão! (dos 17 aos 30 anos de idade)
22 anos entre a sua venda como escravo e o reencontro com os irmãos! (dos 17 aos 39 anos de idade)

#2 O Senhor era com José. (cap 39)

  • Veio a ser homem próspero (vs 2);
  • O Senhor prosperava a obra de suas mãos (vs 3);
  • O Senhor lhe foi benigno e lhe concedeu mercê diante do carcereiro (vs 21)
#3 Deus muda a sorte de José.
  • O favor de Deus nunca se afasta de José;
  • Deus nunca é pego de surpresa (Soberania);
  • Mistério (1): não tanto como Deus pré-ordena todas as coisas, mas sim como ele não desiste de nós.
  • Mistério (2): aquele que habita na sombra do Onipotente (Sl 91) é sempre abençoado;
  • Em seu propósito eterno, Deus tinha um plano muito grandioso para José, mas era necessário que ele amadurecesse. 
 O que aprendemos com José?
  1. Paciência e submissão;
  2. Integridade de coração;
  3. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria e da vitória sobre o pecado;
  4. O tempo da maturação;
  5. A Soberania de Deus - controle absoluto dos acontecimentos;
  6. Restauração, honra e cura.
Aplicação:
  • As circunstâncias são enganosas;
  • A preocupação e o desespero não servem ao propósito de Deus;
  • Deus não se esquece de você;
  • Enquanto há fôlego, há razão para viver: para adorar a Deus e para servir ao próximo;
  • Desenvolver a expectativa e a esperança na intervenção de Deus - "Estarei convosco sempre!"

domingo, 27 de março de 2011

Religiões e Religiosidade - Grupos Religiosos nos dias de Jesus (20-03-2011)

Dificilmente encontraremos no mundo uma religião formada por uma única corrente de pensamento. Mesmo entre os grupos reconhecidos como ortodoxos, não são poucas as diferenças nas posições e nas interpretações do sagrado.

O Judaísmo nunca foi uma exceção à regra. Nos dias de hoje temos os grupos ortodoxos, reformados, místicos, entre outros. Na Idade Média, surgiram a Cabala e o Hassidismo. Nos dias de Jesus, as "denominações" judaicas também eram numerosas. No estudo de hoje destacaremos as seguintes: judaísmo popular, farisaísmo, saducaísmo, o zelotismo e essenismo.

É interessante observar que os maiores opositores aos profetas no Antigo Testamento e a Jesus no Novo Testamento foram os representantes da religião institucional. Devemos refletir sobre isso continuamente, principalmente nós que nos consideramos pessoas religiosas hoje. Como observou Gamaliel no livro de Atos, devemos ser muito cuidadosos em nossos julgamentos para que, "porventura, [não sejamos] achados lutando contra Deus" (At 5:39).

No tempo de Jesus, o povo estava entregue a um conhecimento superficial e ritualístico da Aliança de Deus com Israel. A vida religiosa se limitava à observação de festividades, ofertas, sacrifícios e da guarda do sábado.

O templo estava nas mãos da elite política da nação, cética e mais preocupada em manter o status quo através das boas relações com os dominadores romanos. Os sacerdotes e os líderes do templo pertenciam em grande parte ao grupo dos saduceus e estavam amplamente representados no Sinédrio, a cúpula política e religiosa de Israel. Clique aqui para ler mais sobre as funções do Sinédrio.

Os sacerdotes temiam que Jesus minasse a centralidade do templo na fé do povo.

Além dos sacerdotes, outros segmentos da elite econômica pertenciam ao grupo dos saduceus. Os saduceus não criam na ressurreição, na vida eterna, nem em anjos ou demônios. Guardando as devidas proporções, poderíamos dizer que eram os "materialistas" dos dias de Jesus. Desprezavam o conteúdo espiritualizado da mensagem de Jesus e temiam o efeito social de suas denúncias à indiferença dos ricos quanto às advertências da Palavra de Deus em relação à justiça social.

Os fariseus aparecem como o grupo mais criticado nos evangelhos. Perushim em hebraico, os fariseus se autoproclamavam os "separados". Pretendendo ser os seguidores radicais da Lei, consideravam-se superiores aos outros judeus, especialmente o povo simples e inculto. A maior parte dos escribas e doutores da Lei pertenciam a esse grupo. Jesus expôs a distância entre o ensino dos fariseus e o verdadeiro conhecimento de Deus que busca a conversão do coração e não o cumprimento mecânico de regras.

Os fariseus e os saduceus, expostos e humilhados pelo Logos de Deus, endurecidos e longe do arrependimento, uniram-se para prender, julgar e matar Jesus através de artifícios enganosos.

Além dos sacerdotes, saduceus e fariseus, podemos ainda mencionar dois outros grupos religiosos do judaísmo nos dias de Jesus: os zelotes e os essênios.

Os zelotes compunham um grupo politizado que buscava organizar uma revolta civil contra a opressão romana, inspirando-se no modelo dos Macabeus.

Em um outro extremo, ficavam os essênios que, abandonando a sociedade, formavam uma sociedade monástica no deserto, aguardando a batalha final do Bem contra o Mal. Eram celibatários e foram esquecidos pela história durantes 19 séculos, até que foram descobertos os manuscritos do Mar Morto que revelaram muitos detalhes do comportamento desse grupo.

Alguns historiadores tentam ligar João Batista e o próprio Jesus à comunidade dos essênios. Mas basta aprofundar-se nas palavras de Jesus para constatar a distância entre os ensinos. Enquanto os essênios pregavam uma vida separada do mundo, fechada em torno de rituais de purificação, Jesus enviou os seus discípulos para o mundo como sal e luz, providenciando ele mesmo a única solução para o pecado e a impureza da alma: o seu sangue vertido na cruz.

Antes de julgarmos qualquer um desses grupos, devemos considerar cuidadosamente se não corremos o risco de estar agindo como eles agiram nos dias de Jesus:

- Seguindo e ensinando rituais vazios (sacerdotes);

- Sendo legalistas, e sentindo-nos mais puros e mais santos do que os outros (fariseus);

- Buscando estabelecer o Reino de Deus com nossas próprias forças ou através da violência (zelotes);

- Isolando-nos da sociedade dentro das quatro paredes da igreja (essênios);

- Buscando apenas os benefícios e os prazeres desta vida como se não houvesse uma vida eterna (saduceus).

Que as palavras do Evangelho possam expor as nossas verdadeiras motivações, levando-nos diariamente ao arrependimento de obras mortas e de toda arrogância que porventura estejamos abrigando em nossos corações.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Apocalipse - aula 6 - 30/01/2011

Aula Final

Resumindo o que vimos até aqui, conseguimos identificar a seguinte estrutura:

- Capítulo 1 - Visão do Cristo ressurreto.
- Capítulos 2 e 3 - Cartas às 7 igrejas da Ásia Menor, que contêm um mensagem a todas as igrejas de todos os tempos.
- Capítulos 4 e 5 - Visão do trono de Deus - uma visão da soberania do Deus Trino que reina acima de todos os conflitos do universo.
- Capítulos 6 a 16 - Abertura dos 7 selos, toque das 7 trombetas e derramamento das 7 taças da ira de de Deus - o número 7 representa a plenitude do juízo de Deus ao cumprir-se o tempo determinado e ao preencher-se a medida da iniquidade do mundo.
- Capítulo 13 - o anticristo e o falso profeta - interessante notar que apenas um capítulo do livro foi dedicado ao anticristo, indicando que nenhum intento infernal pode deter ou frustrar a vontade de Deus.
- Capítulo 12 - Duas testemunhas - pode ser o testemunho da Igreja ou, literalmente, dois profetas enviados por Deus para denunciar o anticristo.
- Capítulos 12 e 17 - Duas mulheres: a primeira, guardada por Deus, é uma mulher vestida com o sol que pode representar Israel ou a Igreja; a segunda, chamada de meretriz, representa todos os que se deixam seduzir pelo espírito do anticristo em todos os tempos (vide I Jo 4:1-6).

Neste estudo final, estudaremos a queda da Babilônia, a segunda vinda de Jesus, o Milênio, o Juízo Final e o novos céus e terra.

Babilônia

A descrição da Babilônia em Apocalipse nos remete a dois grandes contrastes:
    - Cidade do anticristo vs. Cidade de Deus
    - A mãe das prostituições vs. A imaculada noiva do Cordeiro

Se fizermos uma leitura histórica, veremos que essa Babilônia representa o sistema e os valores que organizam o mundo que "jaz no maligno" (I Jo 5.19). É o "Egito", ou terra do pecado, de onde o povo de Deus deve se retirar. Está embriagada com o sangue dos mártires (Ap 17.6) de todos os tempos.

No cap. 18 temos a narrativa da queda da Babilônia, que será repentina e completa. O mundo ficará desnorteado e se lamentará. Da mesma forma que Israel teve que aguardar que se completasse a medida da iniquidade dos povos que habitavam a terra prometida (Gn 15.16), a Igreja também aguarda ansiosa pelo tempo determinado por Deus para pôr fim ao pecado (Dn 9.24).

A Babilônia cai e o anticristo é derrotado pela manifestação de Cristo em sua glória (Parousia).

A Segunda Vinda

Usando a figura de um general que retorna após uma vitória, João retrata Jesus voltando como um cavaleiro vitorioso em um cavalo branco. A descrição não deixa dúvidas: o que tem olhos como chama (Ap 1), o que julga com justiça, o que veste um manto salpicado de sangue e aquele cujo nome é o Verbo de Deus (Jo 1).

Sem qualquer dificuldade, Jesus prende o diabo e o amarra por mil anos (Ap 20.2). Segue-se a primeira ressurreição e a salvação que atingirá todos os que morreram em Cristo. Os crentes que estiverem vivos também serão renovados nesse evento (I Ts 4.16-17).

O Milênio

Como foi explicado na primeira aula, são três as principais interpretações sobre o Milênio, das quais apenas o Pré-Milenismo e o Amilenismo continuam a ser considerados. Uma leitura literal e linear do cap.20 nos leva a entender que Cristo reinará 1000 anos com os salvos sobre a terra, quando se cumprirão todas a profecias do Antigo Testamento. Após esse período, o diabo será solto por um breve período de tempo e moverá uma rebelião com pessoas não-regeneradas. Essa revolta será rapidamente dissipada e, finalmente, o diabo e seus anjos serão lançados para sempre no inferno, juntamente com todos os que não forem encontrados no livro da vida no Juízo Final.

Juízo Final

Esta é uma das passagens mais fortes de toda a Bíblia: Deus se revela como o grande Juiz do universo. É um momento atemorizante, pois nele não há espaço para graça ou misericórdia: "vi um grande trono branco [...] de cuja presença fugiram a terra e os céus" (Ap 20.11).

Cada um será julgado estritamente de acordo com as suas obras. Trata-se da segunda ressurreição: a ressurreição dos que partiram desta vida sem Cristo.

Ainda que alguém queira enxergar alguma esperança de salvação nesse evento, tal esperança é difícil de ser sustentada pelos seguintes motivos:
a) "[...] o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus." (Gl 2.16);
b) "E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome [...] pelo qual importa que sejamos salvos." (At 4.12);
c) "[...] todos [...] estão debaixo do pecado; [...] não há justo, nem um sequer." (Rm 3.9-10).

Apesar disso, devemos ter em mente que a Revelação de Deus é para a vida e não para a morte; para a salvação e não para a perdição. Ainda que possamos entender bem o processo da salvação, não devemos nos aprofundar em especulações sobre como será determinada a condenação eterno dos perdidos sob risco de termos que nos debater novamente com a doutrina da dupla predestinação de Calvino, segundo a qual Deus teria eleito alguns para a salvação e outros para a perdição.

Encontramos um conselho equilibrado sobre a questão da predestinação no item VIII do Capítulo III da Confissão de Westminster:

 "A doutrina deste alto mistério de predestinação deve ser tratada com especial prudência e cuidado, a ifim de que os homens, atendendo à vontade revelada em sua palavra e prestando obediência a ela, possam, pela evidência da sua vocação eficaz, certificar-se da sua eterna eleição. Assim, a todos os que sinceramente obedecem ao Evangelho esta doutrina fornece motivo de louvor, reverência e admiração de Deus, bem como de humildade diligência e abundante consolação. Ref. Rom. 9:20 e 11:23; Deut. 29:29; II Pedro 1:10; Ef. 1:6; Luc. 10:20; Rom. 5:33, e 11:5-6, 10."
(Clique aqui para acessar o texto completo da Confissão de Westminster)

Novo Céu, Nova Terra

Em contraponto ao horror do Juízo Final, temos nos capítulos 21 e 22 a beleza da descrição da Cidade de Deus que desce dos céus, a Nova Jerusalém. A linguagem altamente simbólica dessa passagem ressalta a santidade, a nobreza e a completude de uma nova dimensão onde a presença de Deus é plena entre a humanidade. A descrição nos remete ao Santo dos Santos em sua forma cúbica (I Rs 6.20). Do trono de Deus e do Cordeiro sai o rio da água da vida e nessa cidade não haverá pranto ou luto. Para uma interpretação detalhada dos símbolos usados nessa passagem, recomendamos a leitura das páginas 2174 a 2175 do Comentário Bíblico Vida Nova (1ª edição, 2009).

Toda a esperança de crente se cumpre nas seguintes palavras do Todo-Poderoso:
"Eis que faço novas todas as coisas. [...] O vencedor herdará estas coisas, e eu lhe serei Deus e ele me será filho."

E a visão se encerra com a promessa do Senhor: "Eis que venho sem demora", e a resposta imediata no coração dos discípulos de todos os tempos é: "[Maranata], vem, Senhor Jesus!"

Apocalipse - aula 5 - 23/01/2011

Aula 5 - Tribulação e Arrebatamento

70 semanas de Daniel (Dn 9)

Basicamente poderíamos resumir a interpretação dessa profecia da seguinte forma:

(a) 62 + 7 = 69 semanas de anos ou 483 anos. Esse período corresponde ao tempo passado entre o decreto de Artaxerxes para a reconstrução de Jerusalém e o ministério de Jesus;
(b) Após a ressurreição de Cristo, a contagem é suspensa para que o evangelho seja pregado em todo o mundo;
(c) No tempo determinado por Deus, o relógio escatológico é reativado, restando assim um período de 1 semana profética, ou 7 anos, ou 1260 dias, para que chegue o fim de todas as coisas com a segunda vinda de Jesus.

Para um aprofundamento no assunto, recomendamos a leitura do estudo publicado pela EBR-Editora Batista Regular, As Setenta Semanas de Daniel (Dr.Alva J. McClain)
Clique aqui para acessar o site da editora.

Arrebatamento

O capítulo 11 favorece uma interpretação meso-tribulacionista do arrebatamento, segundo a qual o arrebatamento da Igreja ocorrerá no meio da última semana profética de Daniel, antes do início da chamada Grande Tribulação que terá a duração de 3 anos e meio.

De acordo com essa passagem, duas testemunhas se levantarão em Jerusalém durante o governo do anticristo para denunciá-lo. Há diversas interpretação para essas personagens:
- duas pessoas levantadas por Deus;
- Moisés e Elias;
- a Igreja.

O fato de as testemunhas estarem vestidas de saco aponta para o tipo de mensagem que elas proclamam: o juízo iminente e a necessidade urgente de arrependimento. No meio da semana profética, as testemunhas parecem ser derrotadas pelo anticristo, mas após 3 dias e meio revivem e são arrebatadas: "[...] ouviram grande voz vinda do céu, dizendo-lhes: subi para aqui, e subiram ao céu numa nuvem, e os seus inimigos as contemplaram (Ap 11.12)." A corrento meso-tribulacionista se apóia nessa passagem, mas é importante relembrar que a igr

sábado, 22 de janeiro de 2011

Apocalipse - aula 4 - 16/01/2011

Selos e Trombetas (caps. 6 a 10)

Como mencionamos na primeira aula, a leitura linear não é a única possível no Apocalipse. A história da Igreja mostra claramente que muitas das profecias do Apocalipse já se cumpriram parcialmente em diversos momentos e estão aguardando o tempo decretado por Deus para o seu cumprimento pleno e final.

O número sete é emblemático na descrição dos selos, trombetas e taças nos capítulos 6 a 16. Estamos diante da completude da ira de Deus sobre um mundo pecador.

Entretanto, é importante notar mesmo a ira de Deus denota a sua misericórdia e a sua longanimidade, pois ela é gradual e objetiva primeiramente o arrependimento da humanidade antes de desembocar em um estado de perdição sem retorno.

O princípio em operação é o mesmo que observamos em Gênesis 15.16. Nessa passagem, Deus revela a Abraão que a sua descendência somente herdaria a terra prometida depois que se enchesse "a medida da iniquidade dos amorreus". Da mesma forma, a Igreja somente será redimida e herdará "um novo ceu e uma nova terra" quando se encerrar o atual período de graça e oferta de salvação em Cristo.

Na divisão da narrativa em selos, trombetas e taças, vemos um crescendo na intensidade e nas consequências dos fatos, culminando na abertura do sétimo selo. O que se passa a seguir, com o toque das trombetas e com o derramamento das taças da ira de Deus, poderia ser classificado como o período da Grande Tribulação.

O quadro abaixo tenta esquematizar a ordem dos fatos na narrativa bíblica.

Verificamos alguns pontos comuns entre os flagelos relacionados aos selos, trombetas e taças:

1. Guerras 
(1º e 2º selos)
2. Fome 
(3º selo)
3. Pestes
(5ª trombeta, 1ª e 5ª taças etc.)
4. Grande mortandade
(4º selo, 6ª trombeta etc.)
5. Poluição, aquecimento da terra e contaminação das águas 
(1ª, 2ªe 3ª trombetas, 2ª, 3ª e 4ª taças etc.);
6. Abalo da natureza 
(6º selo, 4ª trombeta, 7ª taça etc.).

No quinto selo, João tem a visão das "almas daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam" (Ap 6.9). Eles são consolados por Deus com a promessa de que serão vingados e ressuscitados. Isso nos remete ao Salmo 116:15 que expressamento afirma que "preciosa é aos olhos do SENHOR a morte dos seus santos". Os cristãos serão perseguidos até o final dos tempos. Como já mencionamos em uma aula anterior, nos últimos 100 anos foram perseguidos, torturados e mortos por causa de sua fé mais cristãos do que nos primeiros 19 séculos da história da Igreja. Compare com Mt 24.9 e II Tm 3.12.

Há também uma menção à evangelização mundial na passagem em que é ordenado a João que coma um livrinho que lhe é doce na boca e amargo no estômago. Isso seria uma clara referência às dificuldades enfrentadas na pregação do evangelho: doce na boca, pois é palavra de perdão e salvação; e amarga no estômago, devido à oposição do mundo. Compare Mt 24.14 com Ap 10.9-11.

sábado, 15 de janeiro de 2011

Apocalipse - aula 3 - 09/01/2011

O Trono de Deus (caps. 4 e 5)



No capítulo 4, João tem uma visão do céu em que ele contempla a majestade e a soberania de Deus. Deus se mostra como o Deus da criação e o Deus da redenção, cujo propósito eterno é cumprido na cruz e na ressurreição de Cristo. A  visão desse capítulo nos remete a visões do Antigo Testamento, como Isaías 6 e Ezequiel 1.

No capítulo 5, vemos Jesus como o vencedor absoluto sobre as postestades, sobre os direitos do mal e sobre a morte. A vontade de Deus na criação se cumpre completamente no Cordeiro. O mundo e a criação subsistem pela vontade de Deus.

Devemos ser cuidadosos ao lidar com a linguagem simbólica do Apocalipse, pois nem todos os símbolos necessitam ter um significado individual. É arriscado buscar uma interpretação específica para cada figura de uma visão, profecia ou parábola.

Na visão do trono, basta reconhecer a majestade, soberania e sublimidade da Trindade que se localiza acima do tempo e das vicissitudes do mundo caído. O trono ocupa uma posição central e todo o universo se ocupa de servir e adorar a Deus.

Algumas possíveis interpretações das figuras da visão:
- trono: autoridade plena da Trindade.
- 24 anciãos: 12 patriarcas de Israel + 12 apóstolos - plenitude dos redimidos da Igreja e de Israel.
- arco-íris: a aliança e a misercórdia de Deus.
- 7 tochas de fogo / 7 Espíritos de Deus - plenitude da atuação do Espírito Santo.
- 4 seres viventes : representação do que há de mais nobre, forte e sábio na criação. Vejam também a visão dos querubins em Ezequiel 1.
- relâmpagos e trovões: espanto, temor e admiração diante da revelação de Deus. Uma referência ao Sinai (Êxodo 19.16).

Vários artistas tentaram capturar essa impactante visão.
The Bowyer Bible, William Blake.

O capítulo 5 inicia-se em tom de ansiedade e desespero com a  apresentação de um livro selado. Parece ser um livro de contrato ou testamento de cuja abertura dependem os grandes eventos do juízo e da salvação. Os 7 selos mencionados parecem indicar a total e completa impossibilidade de se abrir o livro. Fazendo-se uma ponte com Romanos 8.19-22, podemos contemplar o Universo em "ardente expectativa" pela restauração da ordem da criação.

Anuncia-se que o Leão da Tribo de Judá é o vencedor que pode abrir o livro, mas eis que surge um Cordeiro ferido, cujo sangue salvou pessoas de toda "tribo, língua e nação". O capítulo 5 é um cântico para o plano da salvação e para a exaltação de Cristo.

O Cordeiro apresenta-se com
7 chifres - poder total.
7 olhos - conhecimento total (vejam Zacarias 4.10).
7 Espíritos de Deus - um com o Pai, plenitude da Divindade (vejam Colossenses 1.19 e Filipenses2.6-11).

O capítulos tem um final apoteótico com cântico e adoração de toda criatura:
"Àquele que está sentadono trono
e ao Cordeiro,
seja o louvor, e a honra,
e a glória, e o domínio
pelos séculos dos séculos."

Todo o universo se curva diante do Cordeiro e todos dizem "Amém".

Mais algumas sugestões bibliográficas:

- WALVOOD, John. Todas as Profecias da Bíblia. Editora Vida.
- GUNDRY, Roberto. Panorama do Novo Testamento. Editora Vida Nova.
- CARSON, D.A. Comentário Bíblico Vida Nova. Editora Vida Nova.
- SHEDD, Russel. A Escatologia e a influência do futuro no dia-a-dia do cristão. Shedd Publicações.

domingo, 2 de janeiro de 2011

Apocalipse - aula 2 - 02/01/2011

Nos capítulos 2 e 3, encontramos cartas do Senhor para as sete igrejas da Ásia Menor. Essas igrejas estavam localizadas no território em que hoje se encontra a Turquia.
Clique aqui para ver mais fotos das ruínas das cidades onde se encontravam as sete igrejas.

Quando estudamos essas cartas, podemos buscar uma aplicação quádrupla:
1. Igreja local (nossa igreja);
2. Cristão individual (nossa vida);
3. História (exemplos de outros tempos);
4. Profecia (cumprimento futuro).

Éfeso
A fundação da igreja de Éfeso está narrada no livro de Atos (vide o capítulo 19). Éfeso era um importante centro econômico e religioso.
- Elogio: perseverança nas obras e na doutrina (ortodoxia).
- Advertência: havia deixado o primeiro amor.
Durante a aula, discutimos o que seria o primeiro amor, e o grupo levantou os seguintes pontos:
1. Sede de Deus, de sua Palavra e de sua presença;
2. Fervor missionário;
3. Amor ardente uns pelos outros;

- Exortação: arrepender-se e voltar às primeiras obras.
- Promessa: o vencedor terá acesso à árvore da vida.

Quem é o vencedeor? Vide I Jo 5:4,5 - a vitória que vence o mundo é a nossa fé em Jesus. Diferentemente do que se tem pregado por aí, não precisamos conquistar a vitória, mas sim permanecer nela, pois já foi conquistada por Cristo na cruz.

Esmirna
A nome Esmirna significa "amargo/amargura" e nos remete às tribulações da Igreja.
O texto nos chama à atenção para a divindade de Cristo: o que esteve morte e tornou a viver, e que é o primeiro e o último (compare com Ap 1:8).
A igreja em Esmirna passa por tribulações e privações, mas é rica aos olhos de Deus. Juntamente com Jesus, a Igreja vence o mundo, mesmo quando as circuntâncias parecem indicar o contrário.
A Igreja será perseguida até o final dos tempos. Se não somos perseguidos agora, devemos lembrar que as gerações que nos precederam no Brasil o foram, e talvez a próximas também sejam. O amanhã a Deus pertence e, por isso, devemos aproveitar a liberdade que temos hoje para pregar a salvação ao maior número possível de pessoas e para nos envolver no plano de Deus para o mundo.
Lembremos que muitos irmãos sofrem perseguição nos nossos dias. Nas últimas semanas, várias comunidades cristão sofreram ataques terroristas no Egito e no Iraque. Ainda podemos citar a perseguição na Índia, Paquistão, Arábia Saudita, Irã e até mesmo em países próximos como o Peru e o México. Para mais detalhes sobre a perseguição no mundo de hoje, acesse o site da Missão Portas Abertas.
Os dez dias de perseguição mencionados no texto podem se referir a dez eventos de severa perseguição durante o império romano (até 312 d.C.) sob os imperadores Nero, Domiciano, Trajano, Aurélio, Severo, Máximo, Décio, Valeriano, Aureliano, Diocleciano. De um ponto de vista profético, pode se referir a um número limitado de eventos de perseguição que virão sobre a Igreja até o final dos tempos.
É na perseguição que o joio se mostra no meio do trigo ...
O vencedor de nenhum modo sofrerá dano da segunda morte! (Ap 2:11)

Pérgamo
Era um centro político e também um centro religioso, onde predominava o culto ao deus pagão Esculápio, deus da medicina e da cura.
Apesar de ser um trono de Satanás, a igreja não é advertida a temer a ação do mal, mas sim a guardar-se da impureza doutrinária. A estratégia bíblica para a batalha é clara: fugir das paixões da carne e resistir ao diabo (compare 2 Tm 2:22 com Tg 4:7).

- Elogio: perseverança na fé em meio a muita tribuação.
- Advertência: impureza doutrinária (prostituição aqui refere-se provavelmente à impureza espiritual).

A questão da impureza doutrinária tem sido muito negligenciada em nossos dias. A tendência do mundo pós-moderno é relativizar todos os absolutos, incluindo os éticos e morais. A Igreja não pode permitir que a pureza da revelação de Deus seja maculada por falso ensinos, pois esses ensinos podem minar a eficácia da sua pregação da salvação em Cristo.

- Exortação: se a Igreja não se arrepender, perderá o seu lugar inesperadamente, pois a vinda do Senhor vem sem aviso.
- Promessa: (a) Pedrinha branca: aprovação de Deus, e (b) Maná escondido: sustento de Deus.

Tiatira
Era um conhecido centro de comércio de lã e tintas. Era a terra de Lídia, conforme At 16.14. Alguns comentaristas também mencionam que, em Tiatira, as práticas de feitiçaria e de impureza sexual eram comuns.

Pés "semelhantes ao bronze": em muitas passagens do AT e do NT, o bronze é um símbolo do juízo de Deus. Cf. Nm  21.4-9; Jo 3.14-15; II Co 5.21.

- Elogio: amor, fé e serviço.
- Advertência: tolerar Jezabel (I Re) - uma provável referência à prostituição espiritual. Um erro recorrente na história de Israel, também pode atingir a Igreja quando esta é seduzida por falsos líderes com falsos ensinos, "lobos em pele de ovelha".
- Promessa: autoridade sobre as nações.

Sardes
O nome dessa cidade significa "restante".

- Advertência: nome de quem vive, mas está morta.

Trata-se de uma referência ao nominalismo na Igreja. Há vários alertas sobre esse perigo nos Evangelhos: "pérola de grande valor", "tudo ou nada", "tirar a mão do arado", "olhar para trás".

- Exortação: arrepender-se e vigiar.

- Promessa: vestes brancas e o nome inscrito no Livro da Vida.

Filadélfia
A igreja do "amor fraternal". Não há nenhuma advertência da parte do Senhor.

"Porta aberta que ninguém pode fechar" - até o fim haverá portas abertas para a pregação do Evangelho. Isso deve nos levar a refletir sobre a situação das Missões nos dias de hoje.

- Promessa: Jesus vem sem demora e sempre será o defensor da Igreja.

Laodiceia
Centro bancário, região produtora de um colírio famoso e importante ponto de entretenimento (esportes, teatro etc.).

- Advertência: a Igreja é definida como "morna".

A igreja satisfeita consigo mesma está feliz dentro de quatro paredes. Um caminho para a restauração passa pela sede de justiça, sede de Deus e anseio pela volta de Cristo.

"Eis que estou à porta e bato" (vs 20): Jesus não desisste do pecador.